A equipe de redutoras e redutores de danos da Escola Livre está nas ruas durante as prévias do Carnaval de Olinda e a receptividade do público confirma: é um sucesso a Ação Fique Suave de prevenção e cuidado em relação aos riscos e danos associados ao uso do álcool e outras drogas. Isso porque medidas simples - como estar em companhia de pessoas de confiança, manter-se hidratada(o) e alimentada(o) - fazem a diferença na hora de aproveitar a folia. Quem põe em prática a ética da Redução de Danos brinca mais e melhor; os benefícios são individuais e também sociais e coletivos.
Em Pernambuco, valorizamos a maior festa popular do Brasil, berço da Cultura em nosso Estado. Além da dedicação à escolha das fantasias, temos neste momento a apoteose de muitos desejos por um novo mundo. Informações de cidadania e, quando necessário, denúncias pelo direito à existência e ampliação da vida. Queiram ou não queiram os juízes, o bloco da RD arrasta multidão.
O debate sobre o consumo de substâncias pela perspectiva da saúde pública, dos direitos humanos e da redução de danos desconstrói uma resistência estrutural, consequência de décadas de intensa campanha de criminalização e desinformação. O verniz é moralista, mas a motivação é de base racista e elitista. A gente já sabe que a “guerra às drogas”, na verdade, é uma ofensiva a determinados grupos e territórios. E a sociedade que resiste a falar sobre drogas é a mesma que estimula e glamouriza o consumo excessivo de álcool, a substância psicoativa mais usada entre as pessoas.
É neste contexto que o Carnaval desponta como a melhor época do ano para fazer brilhar a ética da Redução de Danos. Nos dias do reinado de Momo, tem sempre boa aceitação possibilitar a RD e divulgar medidas que popularizam a prática do cuidado às pessoas - em especial, as de grupos em maior vulnerabilidade. É quando entra na avenida a oportunidade de falar de responsabilidade com autonomia, da gestão dos prazeres, da participação das pessoas e da educação entre pares, pilar das estratégias de prevenção e cuidado em saúde.
Este texto é também um convite a quem gosta da folia, para fortalecer a troça da educação em saúde, integrando às questões de relações sociais, em que a segurança, o bem estar e a dignidade façam parte do olhar das pessoas. No Carnaval, cada pessoa pode ser agente do bem viver e do bem estar do seu entorno. Festa boa mesmo só acontece em espaços livres de violência, racismo e machismo. E que tenhamos melhores momentos de alegria em ambientes saudáveis e seguros. Para todas as pessoas!
Foto Ingrid Farias
Sempre bom lembrar: Dicas de RD para brincar melhor o Carnaval
Hidrate-se, sempre
Entre uma cerveja e outra, no consumo de álcool e outras drogas, mantenha-se hidratada(o), reduza os efeitos da ressaca.
Alimente-se
Saco vazio não pára em pé, já diz o ditado. Manter-se alimentado possibilita mais lucidez e chances de recuperação, caso algo aconteça. Frutas, como laranja, banana e melancia, são boas opções.
Esteja bem consigo mesma(o)
Alguns dos efeitos negativos no uso de álcool e outras substâncias advêm de problemas anteriores ao uso, de natureza pessoal. Escolher um bom momento é importante.
Ande com pessoas de confiança
Faz toda diferença uma rede de apoio nesses momentos, caso de ruim aconteça.
Não consuma algo vindo de quem não conhece
Evite beber ou ingerir qualquer outra coisa ou substância oferecida por pessoas desconhecidas, pois podem estar “batizadas”. Busque usar sempre seus próprios utensílios.
Saiba onde estão os serviços
Esteja atenta(o) onde estão localizados os bombeiros e as ambulâncias e os postos de saúde.
Peça ajuda a quem você confia
Se a situação estiver ruim e você sentir necessidade, não hesite em pedir ajuda. Mas tente fazer isso com pessoas de confiança ou de alguma referência.
Texto Priscilla Gadelha e Jorge Cavalcanti